quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Cães e gatos.

Estava parado a minha frente, com aquele jeitinho redondo de se portar. Fiquei irritado.
- Ei.
- O que é desta vez? - acendendo um cigarro só para ver a fumaça subir.
- Desculpe pelo que sou. Te incomodo e não quero. - baixando a cabeça e ajeitando a camisa fina.
Joguei a ponta para longe, olhando a noite. Meu Deus, até quando? Não além de agora. Acabou. Caminhamos.
- Vamos para casa? A pé se quiser. - sorrindo olhinhos de criança. Desejo verdadeiro, puro. Fiquei mais irritado ainda.
- Lá não fico mais. Ainda te mato. - louco de vontade nunca tê-lo visto, que desaparecesse.
Chegamos. Fui direto apanhar meus pertences, queria sair de vez logo. Senti perfume no ar e ouvia música. Nunca deveria ter voltado. Tremi.
- Não faça isso comigo! - gritei atordoado, tarde demais. Ela já estava lá, deitada no sofá. Sorriso lânguido na penumbra envenenada de música e desejo.
Minha cabeça girava de medo e excitação. Possuí-a embriagado, desnudo pela volúpia de seus lábios queimando.
Lá fora um cão uivou, levantei e saí. Havia pego um gato e morto. Deixei-o lá para nunca mais. Cães e gatos não deveriam existir no mundo das paixões. Para nunca mais.

Um comentário:

celia disse...

essa eu ja conhecia!! :D